quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Filhos da Precisão": O Alto Preço do Ensino Superior "Gratuito"


 Alguém já se perguntou por que é tão caro estudar numa universidade pública e "gratuita"? Os altos preços já são cobrados logo na inscrição para quem quer ter acesso ao ensino superior e para aqueles que querem se qualificar ainda mais.

Quem aspira a uma vaga nas universidades públicas brasileiras deve ter em mente que irá desembolsar grandes somas em dinheiro durante o tempo de estudos. A começar pelas abusivas taxas de inscrição. E não venham falar os críticos que existe a tal famigerada "isenção". Quantos "sortudos" são contemplados com ela?

A realidade da maioria dos candidatos que estão concorrendo a um dos cursos da Universidade Estadual do Maranhão, por exemplo, é que eles têm que desembolsar R$ 75,00 só para entrar na disputa por uma vaga.

Depois que entram, os alunos gastam ainda com as xerox dos inúmeros textos que são cobrados pelos professores, sem contar as despesas diárias com transporte e com alimentação (no caso da UEMA, por enquanto, o almoço ainda é sem ônus imediato para o alunado, mas na Universidade Federal do Maranhão, a refeição matinal custa em torno de R$ 1,50 diários).

A situação piora quando se tenta buscar uma qualificação através da pós-graduação. A UEMA, por exemplo, lançou o edital para o Curso de Especialização em História do Maranhão cobrando dos candidatos além da taxa de inscrição no valor módico de R$ 20,00, as tarifas semestrais na bagatela de R$ 250,00, durante os dezoito meses de duração do curso.

Isto implica dizer que aqueles que adentrarem na pós em comento terão que desembolsar no cômputo geral um total de R$ 770,00, sem contar os gastos com as xerox que, obviamente, tenderão a ser maiores, já que na pós os textos trabalhados em sala de aula geralmente são livros inteiros.

Paralelamente a essa quantia, quem se inscreveu para o Mestrado em Ciências Sociais da UFMA, por exemplo, teve que pagar uma taxa de R$ 150,00. Já para o Mestrado em Políticas Públicas, o valor da inscrição era de R$ 200,00. Porém, nos dois casos, os valores cobrados são únicos. Os alunos não pagarão mais nada, além das xerox, é claro.

No entanto, todas essas despesas durante a graduação e a pós-graduação requerem, no mínimo, que os alunos tenham um forte "pai"trocínio ou que já trabalhem, o que é uma realidade para a maioria dos estudantes maranhenses.

Será que isto explica, em parte, o péssimo rendimento da educação no Maranhão, a segunda pior do Brasil? Afinal de contas, trabalhar e estudar requer uma carga de doação e sacrifício bem maior do que aqueles que apenas estudam, os ditos "estudantes profissionais", em sua maioria filhos da classe média alta, dos empresários e dos políticos beneplácitos com a situação magistral do nosso Estado.

Já os "filhos da precisão" tem de contar com os baixos salários pagos por estas maranhas que, muitas vezes, mal dá para pagar as contas do mês, quiçá sobrar algum trocado para dar cabo de bancar a alimentação familiar, saúde, transporte, vestuário, e ainda investir nessa "cara educação gratuita".

Enfim, prezado leitor, a quimera da "educação para todos" esbarra no funil econômico que a oblitera e que apenas alimenta o abismo educacional que separa quem tem dinheiro de quem não tem.

do Blog do jornalista Hugo Freitas

4 comentários:

  1. Realmente esta é a realidade. Até quando será assim?

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  2. É uma grande derrota a uma sociedade que precisa tanto rever sua estrutura ou continuará fadada ao mais completo fracasso.
    Amargamos os mais infames e desgraçados indíces educacionais no país, e tudo é visto como mera obra do acaso pelos oligarcas deste desvalido estado...
    Pobre sociedade maranhense que está perdendo boa parte de suas gerações, continuando a formar apenas analfabetos funcionais...
    P.S.
    Estamos lhe seguindo e indicando leitura em nossa biblioteca online, um abraço e sucesso.

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  3. Além de todos os motivos expostos, o que mais me revolto é com o número de vagas e os horários dos cursos, que normalmente são diurnos, propositalmente para "estudantes profissionais". E os professores nem são maleáveis com os que trabalham. Vou dar um exemplo: depois de mais de 4 anos que conclui o curso de comunicação resolvi cursar Letras na UFMA. Horário do curso: matutino. Como não posso me dedicar exclusivamente para o curso me matriculei em algumas disciplinas e mesmo assim quando falto porque tive que fazer algum trabalho o professor não perdoa, sendo que eu tenho que perdoar as faltas dele.
    Enfim, quem trabalha tem que recorrer a instituição particular, mesmo que possa entrar numa pública, porque ou trabalha ou estuda.

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  4. E ainda temos que aturar os erros do Enem...

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